Sentados, Conectados… e Mais Sozinhos do que Nunca
Aprendi a mexer num blogue. Já posto, já partilho, já clico em
botões que não sei bem para quê.
Dizem que isso é “estar
digitalmente ativo”.
Eu chamo-lhe sedentarismo moderno
com ilusões de utilidade.
Não me mexo, não falo com ninguém, mas deixo rastos digitais —
e isso chega para que o sistema diga: “Pedro está
presente.”
Presente onde, exatamente?
No sofá,
talvez. A ver quantos likes tem o meu último
desabafo.
(Talvez dois. Um é da minha prima. O outro sou eu,
sem querer.)
🧠 O novo sedentarismo: o mental
O corpo já se queixava — as costas, os joelhos, o sono.
Mas
agora até a mente se rendeu ao sofá.
Já ninguém quer ler
textos com mais de três linhas.
Pensar dá trabalho. Questionar
cansa.
É mais fácil partilhar memes com frases feitas:
“A vida é uma viagem.”
Pois é. E a maioria vai deitada no banco de trás, com o telemóvel na cara.
👤 A invisibilidade dos mais velhos
Se tens mais de 70 anos e ainda não sabes dançar para o TikTok,
parabéns:
já não existes.
Fazes parte de uma espécie em extinção — os que ainda escrevem com pontuação, os que telefonam para saber como vai a vida, e não apenas para partilhar vídeos de gatos a tocar piano.
As redes sociais não te ignoram por mal.
Ignoram-te por
default.
📡 Nunca estivemos tão ligados — nem tão abandonados
Chamam-lhe “conectividade”.
Mas o que se vive é uma
espécie de solidão partilhada, onde todos gritam ao mesmo tempo e
ninguém ouve ninguém.
No fundo, todos queremos o mesmo:
Que alguém leia. Que
alguém reaja. Que alguém, vá lá, diga: “Boa, Pedro.
Gostei.”
Mesmo que não tenha lido nada.
Basta o
emoji.
✅ Conclusão
O sedentarismo é total.
Físico, mental e emocional.
Estamos
parados…
Mas com Wi-Fi.
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