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  O paradoxo económico dos incêndios em Portugal A floresta continua a ser tratada como um problema sazonal, quando deveria ser vista como um ativo estratégico nacional. Enquanto persistirmos na lógica do combate, o país continuará refém de um ciclo de destruição e reconstrução. Todos os verões, o país assiste ao mesmo drama: milhares de hectares de floresta consumidos pelas chamas, populações em risco, património natural e humano devastado. Apesar dos avanços no combate, Portugal continua a enfrentar incêndios de grandes dimensões com uma frequência alarmante. O problema não é apenas climático ou acidental: é estrutural. O abandono rural, consequência direta do êxodo populacional para as cidades, deixou vastas áreas agrícolas e florestais sem manutenção. A fragmentação da propriedade, com milhares de pequenos donos sem meios para gerir o território, agrava a situação. Resultado: um país coberto de combustível pronto a arder. Antes da década de 50 do século passado, quando a lig...
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  Entre a Ucrânia e Gaza: a balança desigual da justiça A forma como o mundo aborda a guerra e a verdade exige uma reflexão séria. As recentes declarações de Vladimir Putin sobre as supostas origens do conflito na Ucrânia ilustram como a narrativa pode ser distorcida para justificar o injustificável. Ao invocar a NATO, o Maidan, perseguições à população russa e até o Batalhão Azov, Putin constrói uma teia de meias-verdades. Embora existam fragmentos de realidade nas suas palavras, a ideia de genocídio ou de perseguição sistemática não encontra suporte em relatórios credíveis de organizações internacionais. É um discurso ao serviço da propaganda, não da verdade. Ainda assim, mais revelador do que a retórica russa é a forma desigual como a comunidade internacional reage a diferentes guerras. No caso da Ucrânia, a invasão é corretamente classificada como violação da soberania de um Estado e deu origem a uma resposta coordenada, com sanções duras e abrangentes. Já em Gaza, a destruiç...
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  Reconhecer a Palestina e armar Israel: a contradição que alimenta a impunidade Nos últimos meses, vários governos europeus anunciaram a intenção de reconhecer formalmente o Estado da Palestina . Para muitos cidadãos, esse gesto é visto como um passo importante na defesa da justiça e da paz no Médio Oriente. Contudo, essa decisão política esbarra numa contradição gritante: os mesmos países que falam em “dois Estados” continuam a fornecer, de forma direta ou indireta, armas e componentes a Israel . A situação é paradoxal. Como pode um Estado reconhecer a Palestina ao mesmo tempo que ajuda a destruir o seu território e a sua população? Ao fornecer armas a Israel, esses países não estão a proteger a viabilidade de uma Palestina independente — estão, pelo contrário, a minar as condições mínimas para a sua existência. O caso da Alemanha é exemplar. Berlim anunciou restrições, mas aumentou exponencialmente as exportações militares para Israel após 7 de outubro de 2023. A Itália de...
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  A Sede como Arma de Guerra: A Vergonha da Impotência Internacional "A comunidade internacional reconhece o uso da água como arma, mas as ações concretas para travar esta prática têm sido insuficientes." Esta frase resume, na sua dura realidade, a hipocrisia e a paralisia do mundo perante um crime em curso: a utilização deliberada da sede como arma de guerra contra a população de Gaza. Não estamos perante uma mera consequência colateral de um conflito, mas sim diante de uma estratégia consciente e sistemática. Esta tese tem sido denunciada por organizações humanitárias como a Oxfam, a Human Rights Watch e a Amnistia Internacional, e confirmada pelos relatores da ONU. A privação deliberada de água potável não é apenas uma violação grave do direito internacional humanitário — é um crime de guerra e, nas circunstâncias atuais, pode ser considerado um crime contra a humanidade. O Reconhecimento Sem Ação: A Cumplicidade por Omissão A comunidade internacional está a par da situaçã...
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  A Falsificação da “Mensagem do Telegram” August 12, 2025  /  Pedro Baptista   /  Edit A mentira que mata duas vezes Há crimes que não se limitam a tirar vidas — também tentam assassinar a verdade. O caso de Anas Al-Sharif é disso exemplo. O jornalista palestiniano, conhecido pelo seu trabalho em Gaza, foi alvo de uma das mais cínicas e repugnantes formas de violência: a falsificação das suas palavras para justificar a sua morte. Nos dias que se seguiram ao ataque que vitimou Al-Sharif, começou a circular uma imagem de alegada publicação no seu canal de Telegram. Na mensagem, datada de 7 de outubro de 2023, ele supostamente glorificaria ataques contra israelitas, descrevendo os agressores como “heróis” e elogiando Deus pelo massacre. O conteúdo é chocante — e era precisamente essa a intenção de quem o fabricou. A análise atenta revela incoerências óbvias: erros de formatação que não existem no Telegram, ausência dessa mensagem no arquivo real do canal, e o...
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  1. Ações anunciadas por Trump O Presidente Trump declarou uma emergência de segurança pública e invocou a Secção 740 da Lei de Autonomia do Distrito de 1973, reapropriando temporariamente a polícia metropolitana de D.C. para controlo federal, com duração de 48 horas, podendo chegar a 30 dias com notificação ao Congresso NBC4 Washington The Guardian+1 . Foi anunciada a mobilização de tropas da Guarda Nacional — com cerca de 800 efectivos iniciando a ação NBC4 Washington Reuters The Guardian . Trump também ordenou a remoção imediata de pessoas em situação de sem-abrigo da cidade, com promessas vagas de realojamento "longe da capital", ao mesmo tempo em que anunciou medidas para encarcerar criminosos ABC News Reuters The Guardian . 2. Dados oficiais sobre a criminalidade em D.C. Os dados da Polícia Metropolitana revelam que, até 11 de agosto de 2025, os crimes violentos caíram 26 % , e todos os crimes caíram 7 % em relação a 2024 Reuters mpd...
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  Quando o Silêncio Mata Duas Vezes: A Morte da Informação em Gaza O ataque que vitimou cinco jornalistas da Al Jazeera em Gaza, incluindo o conceituado repórter Anas al-Sharif, foi mais do que um trágico episódio de guerra. Foi um golpe direto e deliberado à liberdade de imprensa e, por extensão, ao direito fundamental do mundo a conhecer a verdade, livre de filtros governamentais, militares ou de agendas políticas. A narrativa oficial israelita, que rotulou um dos jornalistas de "militante do Hamas", é contestada veementemente pela Al Jazeera e por organizações como o Committee to Protect Journalists, que exigem provas que, até hoje, não foram apresentadas. Este padrão é perigoso e profundamente corrosivo para qualquer democracia. O uso do rótulo de "combatente" como justificação para assassinar jornalistas é uma manobra antiga, utilizada para silenciar a reportagem no terreno e escamotear a realidade de um conflito. Em Portugal, a cobertura mediática sobre es...