Se Me Ofereces Má Música, Não Me Estimas
Não conheço uma nota de música.
Nunca estudei solfejo, não sei distinguir um fá sustenido de uma clave de sol.
Mas sei, com toda a certeza, quando uma coisa é má.
E se é má, não devia estar a ser-me servida em nome do serviço público.
A RTP — televisão pública — continua a encher os seus serões e as suas manhãs com música que envergonharia um gira-discos bêbado. Chamam-lhe “entretenimento popular”.
Eu chamo-lhe desconsideração.
Porque quando um canal público — financiado por todos nós — escolhe passar o tempo a servir música ruidosa, repetitiva, pobre em conteúdo e ainda mais pobre em intenção, está a dizer-me que não espera mais de mim.
Que não me considera capaz de escutar algo melhor.
Que o nível “aceitável” do que mereço é aquele.
🎯 A desculpa do costume:
“É o que o povo quer.”
“É preciso garantir audiências.”
“Se não for assim, ninguém vê.”
Mentira.
Ou, no mínimo, meia-verdade disfarçada de pragmatismo.
Se um canal público se limita a seguir a lógica do mercado, então deixa de ser público.
Passa a ser privado com financiamento estatal.
E isso é um insulto à inteligência — não só minha, mas de todos os que, mesmo com pouco tempo, gostariam de ouvir algo que os fizesse pensar, sorrir, crescer.
🎵 A música como espelho
A música que um canal passa é uma escolha política.
É um reflexo da imagem que tem do seu público.
Quando me oferecem música de má qualidade como se fosse a única possível, não estão a entreter-me.
Estão a diminuir-me.
✅ Conclusão:
Não quero que a RTP toque Bach 24h por dia.
Mas gostava que, de vez em quando, me surpreendesse com qualidade.
Com beleza.
Com risco.
Não te peço Mozart.
Mas por favor: não me dês plástico embrulhado em palmas falsas.
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