
TODES: O Paradoxo da Inclusão
A chamada “linguagem inclusiva” tornou-se moda — dizem que torna a comunicação mais justa. Mas será mesmo inclusiva? E que inclusão é essa, afinal?
Tradicionalmente, usamos o masculino plural para designar um grupo misto:
“Todos os cidadãos” inclui homens e mulheres.
Simples, funcional, claro.
Mas nas últimas décadas surgiram novas formas:
– todos e todas
– tod@s, todxs, todes
Tudo com a intenção de representar todos os géneros — incluindo os não-binários.
O problema é que, ao tentar nomear todos, acabamos por separar todos.
Vamos à matemática:
📐 Teoria dos Conjuntos:
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TODOS (forma tradicional) = conjunto único que inclui homens e mulheres.
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TODOS + TODAS = dois subconjuntos (homens ∪ mulheres)
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TODES = tentativa de criar um terceiro subconjunto (não-binário)
🔁 Resultado:
Criamos uma divisão onde antes havia união.
A linguagem deixa de ser inclusiva — e passa a ser segmentada, confusa e, por vezes, elitista.
🧠 E será que mudar palavras muda mentalidades?
A ciência diz: não necessariamente.
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A linguagem pode influenciar o pensamento, sim.
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Mas não o transforma.
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Não é dizer “todes” que resolve desigualdades salariais ou violência doméstica.
É como pintar uma casa velha — fica bonita por fora, mas continua a ruir por dentro.
📺 E nos meios públicos?
Na televisão, por exemplo, formas como todes, tod@s, telespectador@s dificultam a leitura, ferem a norma oficial e confundem.
Não promovem inclusão — criam ruído.
✅ Conclusão:
A inclusão verdadeira faz-se com respeito, educação, justiça e empatia — não com acrobacias linguísticas.
A língua portuguesa já tem ferramentas para incluir, sem precisar de se fragmentar.
Não precisamos nomear todas as diferenças para respeitarmos todas as pessoas.
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