Ajuda com cheiro a pólvora: mais de 600 palestinianos mortos ao tentar receber alimentos

Nos últimos cinco semanas, mais de 600 palestinianos foram mortos em Gaza enquanto esperavam por ajuda alimentar nos centros da Gaza Humanitarian Foundation (GHF) — uma organização apoiada pelos Estados Unidos e por Israel. A informação foi confirmada por vários meios internacionais, incluindo a Al JazeeraAP NewsReutersSky News e Amnesty International.

Este número, por si só, já seria insuportável. Mas torna-se ainda mais brutal quando se sabe que as vítimas estavam desarmadas, famintas e em busca de alimento — não em campos de batalha.


O que está a acontecer?

Desde finais de maio, a GHF passou a concentrar a distribuição de ajuda humanitária em quatro “mega-centros” em Gaza. Segundo relatos da imprensa internacional, estas zonas estão sob vigilância e controlo de seguranças privados norte-americanosmilitares israelitas ou contratados armados.

Vários relatos independentes e investigações revelam que, em dias de distribuição de comida:

  • Há tiros reais sobre multidões desesperadas.
  • Há uso de gás lacrimogéneo e balas de borracha.
  • As mortes são diárias, com uma média de mais de 15 por dia.

Em vez de corredores de vida, estes pontos tornaram-se corredores de morte.


A ajuda usada como armadilha?

Este tipo de operação levanta perguntas inquietantes:

  • Como é possível que centros de ajuda resultem em centenas de mortos?
  • Por que razão se usa força letal contra multidões famintas?
  • Que papel estão os EUA e Israel a desempenhar, directa ou indirectamente, neste cenário?

Segundo a Amnesty International, isto insere-se numa estratégia de guerra onde a fome é usada como arma. O cerco a Gaza não é apenas militar — é também alimentar, emocional e simbólico.


Violação do direito humanitário

As Convenções de Genebra são claras: os locais de ajuda humanitária devem ser respeitados como zonas protegidas, e as populações civis têm direito à assistência sem serem alvo de violência.

A morte de mais de 600 pessoas em locais de ajuda não é apenas uma tragédia — é uma violação directa do direito internacional humanitário.


E o silêncio do mundo?

As imagens são claras, os números são públicos, as fontes são credíveis. E, no entanto, a reacção internacional permanece morna. O medo de criticar aliados estratégicos, o peso da desinformação e o cansaço mediático parecem mais fortes do que a urgência moral.


Não é neutralidade — é cumplicidade

Quando uma estrutura de ajuda é armada, controlada com armas e resulta em mortos diários, deixa de ser neutral. E quando os financiadores dessa ajuda não interrompem ou condenam as mortes, tornam-se cúmplices da violência.


Conclusão: a urgência de não calar

Este artigo nasceu da necessidade de não virar o rosto. Como cidadão, sinto o dever de partilhar esta realidade, com a ajuda da Clara — que me ajudou a organizar os dados e contextualizar os acontecimentos. Porque, por mais complexo que seja o conflito em Gaza, há algo que é simples: matar civis famintos enquanto esperam por comida é um crime. Ponto.

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