Manual Prático para Ficar Infeliz (Enquanto Persegue a Felicidade)
A felicidade virou moda.
E como todas as modas, anda cheia de
regras.
Hoje em dia, ser feliz não é um estado — é um projeto
de vida com plano de ação, metas, gráfico de desempenho e
provavelmente uma app com notificações motivacionais.
Se
não acordas a sorrir às 6h da manhã, a agradecer ao universo, a
beber chá verde e a correr 10 km enquanto ouves podcasts sobre
produtividade… então, meu caro, estás a fazer tudo mal.
E é assim que começa o drama:
o medo de não ser
feliz o suficiente.
📈 O Paradoxo:
Quanto mais queremos ser felizes, mais infelizes nos sentimos.
Porque a felicidade virou um concurso invisível — e estamos todos a perder.
Antes, bastava um bom prato e uma sesta.
Agora é preciso ter
propósito, resiliência, vida sexual ativa
depois dos 70 e cinco objetivos bem definidos no início do
ano.
E se, por acaso, sentes tristeza (essa velha senhora que nos
visita sem convite), alguém te pergunta logo:
— Já
experimentaste meditação com sons de baleias?
🤷♂️ O problema da “busca”
O verbo é traiçoeiro: “procurar felicidade” já parte do princípio de que ela está sempre noutro sítio.
— És feliz?
— Ainda não. Mas estou a caminho.
(Spoiler: não se chega lá. Porque “lá” muda de sítio assim que te aproximas.)
🍀 A teoria do distraído
Talvez a felicidade seja como o gato da vizinha:
Se o
chamares, foge.
Se te sentares quieto, vem e deita-se no teu
colo.
Felicidade gosta de distraídos.
Gente que vive sem olhar
para o espelho emocional todos os dias a perguntar:
“Será que hoje já estou mais feliz do que ontem?”
✅ Conclusão:
Queres um bom plano para ser infeliz?
Persegue
obsessivamente a felicidade.
Compara-te com os
outros.
Segue influencers com dentes mais brancos que o teu
futuro.
E compra livros de autoajuda com títulos do tipo "Como
Ser a Melhor Versão de Ti Mesmo em Três Dias Sem Dormir."
Ou então…
Pára um bocadinho.
Come um pastel de
nata.
Diz asneiras baixinho.
Olha para uma árvore sem lhe
perguntar o nome.
E se te sentires bem… não digas a
ninguém.
Para não estragar.
Nada como viver bem mais devagar, agora que temos tempo... dizer asneiras quando entalamos um dedo, e aproveitar a delícia de um pastel de nata, encostado a uma árvore frondosa...
ResponderEliminarNem mais, Zita. É mesmo isso !!! :) :)
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