
O Dia em Que o Tesla Atingiu o Bule de Russell (Crónica quase metafísica sobre colisões absurdas e certezas estéticas) Era uma noite clara no vácuo infinito. As estrelas piscavam como quem guarda segredos. E lá flutuava o Bule de Russell , vagamente britânico, vagamente teimoso, vagamente irónico — como convém a qualquer conceito inventado para ilustrar o ónus da prova. “Se alguém disser que há um bule de porcelana a orbitar entre Marte e a Terra, demasiado pequeno para ser detectado, como provar que não está lá?” Assim perguntou Bertrand Russell. E assim nasceu o bule. Simbólico, silencioso, improvável. Mas eterno. Do outro lado do cosmos vinha o Tesla. O Tesla de Elon Musk — esse monumento à tecnologia, ao ego e à vontade de pôr um carro no espaço como quem pendura um quadro no hall de entrada da galáxia. “Olhem para mim!”, gritava sem voz o conversível vermelho. “Sou o triunfo do engenho humano, sou a máquina que venceu a gravidade, sou… ai!” BUM. Colisão. O...